Osteoporose – visão geral

Osteoporose é uma doença que acomete cerca de 10 milhões de brasileiros. Trata-se de uma patologia que afeta a qualidade dos ossos, tornando-os frágeis e mais propensos a ocorrência de fraturas.

É mais comum em mulheres, principalmente após a menopausa, mas pode ocorrer em homens, no geral após os 65 anos de idade ou até antes em casos de indivíduos que tenham condições que predispõem a perda de massa óssea (etilismo crônico, tabagismo, uso de glicocorticóides, deficiência de hormônios sexuais, etc).

A grande preocupação em torno da osteoporose refere-se a ocorrência de fraturas, que podem levar a dor, deformidades e incapacidade física, com consequente redução da qualidade e expectativa de vida. De acordo com dados do IOF (International Osteoporosis Foundation), em todo o mundo, 1 em cada 3 mulheres com mais de 50 anos sofrerão fraturas osteoporóticas, o mesmo ocorrendo em 1 a cada 5 homens com a mesma idade.

A questão é que a osteoporose pode e deve ser prevenida, e essa prevenção deve começar o mais breve possível.

A prevenção da osteoporose começa na formação de ossos saudáveis. Os ossos são as estruturas de sustentação do nosso corpo, e são formados basicamente por cálcio. Sendo assim, para formar ossos saudáveis e resistentes é necessário o consumo diário desse nutriente através da dieta.

Outro ponto importante na formação óssea é que para garantir a absorção de cálcio, é fundamental ter níveis adequados de vitamina D. Nossa pele, quando exposta ao sol, é capaz de produzir vitamina D, porém, em alguns casos essa produção hormonal não é suficiente para garantir níveis adequados da vitamina, levando muitas vezes a necessidade de suplementação/ reposição da mesma. 

Como terceiro ítem importantissimo para garantir a formação adequada e manutenção de ossos fortes temos o exercicio fisico. A prática regular de exercícios faz com que nossos ossos tornem-se cada vez mais fortes e resistentes. Soma-se a este fato o efeito benéfico do exercício em manter o equilíbrio, alongamento e força muscular.

Com essas considerações fica fácil entender que para termos ossos fortes precisamos da ingesta diária de cálcio, manter níveis adequados de vitamina D e evitar o sedentarismo, mantendo a prática de exercícios físicos regularmente.

Então, se eu fizer tudo isso não terei osteoporose??

Além das questões ja citadas aqui, precisamos levar em conta o potencial genético de cada indivíduo. Doenças crônicas no geral costumam se manifestar em pessoas que tem uma tendência ou herança genética favorável ao seu desenvolvimento, aliadas a hábitos de vida (fatores ambientais) que aumentam a chance de aparecimento das mesmas. Sendo assim, mesmo prevenindo a perda de massa óssea como ja comentado anteriormente, algumas pessoas com potencial genético para a doença poderão manifestá-la da mesma forma, talvez em uma idade mais tardia e de forma menos agressiva do que desenvolveriam sem os cuidados preventivos realizados.

E qual a dose diária de cálcio que devo ingerir?

O adulto tem uma necessidade diária de cerca de 1000mg de cálcio. Essa quantidade pode ser facilmente ingerida pela dieta, e essa é a via mais indicada de suplementação deste nutriente. Cerca de 250mg de cálcio estão disponíveis na dieta rotineira, sem laticínios. Deixo aqui o exemplo de alguns alimentos da nossa dieta com suas quantidades respectivas de cálcio:

– 1 copo americano de leite (200ml)=240mg;

– 1 potinho de iogurte (170ml) = 180mg

– 1 fatia média queijo mussarela ou minas = 170mg

– 1 unidade Polenguinho tradicional (15g)= 52,5mg

Outros alimentos que contem calcio em uma quantidade menor: brócolis, espinafre, couve, sardinha, tofu, feijão, ervilha.

Desta forma, conseguimos obter cerca de 750mg de cálcio ao ingerir, por exemplo, uma dessas duas combinações: (i) 1 copo de leite, 1 fatia de queijo e 2 unidades de iogurte; (ii) ou 1 copo de leite, 2 fatias de queijo e 1 unidade de iogurte. Os outros 250mg de cálcio podem vir de nossa alimentação usual, sem laticínios.

Para pessoas com intolerância a lactose ou outras condições clínicas que interfiram com a ingesta adequada de cálcio há a possibilidade de suplementação deste mineral por via medicamentosa ( comprimidos que contem cálcio), com diversos sais de cálcio disponiveis atualmente.

Em relação a vitamina D, o que é preconizado?

A dose ideal de vitamina D a ser mantida pelo organismo, varia de acordo com a situação de cada indivíduo. No adulto em geral, a dose diária preconizado é 600 UI/dia. Gestantes, lactantes, pessoas com osteopenia, osteoporose ou outras doenças que prejudiquem a saúde óssea devem manter níveis sanguíneos da vitamina D >30ng/ml. Em adultos saudáveis, os níveis recomendados são > 20ng/ml. O uso do protetor solar em toda área exposta da pele prejudica a síntese de vitamina D pelo organismo, porém não devemos nos esquecer que a exposição solar excessiva é fator de risco para câncer de pele em pessoas geneticamente suscetíveis e de pele mais clara. Sendo assim, expor-se ao sol cerca de 15 minutos por dia em horários de sol mais brando pode ser benéfico.

O endocrinologista pode diagnosticar e tratar osteoporose?

Sim! Em alguns casos o endocrinologista é o primeiro médico a avaliar a massa óssea do paciente, como muitas vezes também acontece com o ginecologista ou ortopedista que solicitam o exame de densitometria óssea para diagnóstico desta condição. Na maioria dos casos a osteoporose ocorre em mulheres após a menopausa. Existem casos de osteoporose em pessoas mais jovens e homens, e mesmo, nas mulheres pós menopausa, causas secundárias de osteoporose devem ser pesquisadas e tratadas para promover maior ganho ou redução da perda de massa óssea individual. Como causas secundárias de osteoporose, ou seja, outras doenças ou condições que propiciem maior perda de massa óssea podemos encontrar uma série de patologias hormonais, como: hipertireoidismo, diabetes melitus, hiperparatireoidismo, hipercortisolismo, hipogonadismo, etc. Outras condições como perda renal aumentada de cálcio, tabagismo, deficiência de vitamina D e uso de alguns medicamentos podem aumentar o risco de desenvolvimento da osteoporose.  Dessa forma, a avaliação do endocrinologista tem efeito somatório a avaliação de outros especialistas em relação a abordagem da osteoporose.

Em relação ao tratamento da doença, os pilares principais são a suplementação de cálcio e vitamina D, além da prática de exercícios fisicos regulares. Existem várias medicações disponíveis atualmente para tratamento da osteoporose, cada uma com suas peculiaridades, indicações e contra indicações. No geral os medicamentos utilizados podem evitar a reabsorção óssea (bisfosfonatos e Denosumab) ou promover ganho de massa óssea (PTH recombinante), indicados de forma individualizada no contexto clínico de cada paciente.

Fonte: The 2011 report on dietary reference intakes for calcium and vitamin D from the Institute of Medicin: what clinicians need to know. JCEM: 2011 JAN, 96 53-58 2010-2074.

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