Os 3 pilares para o tratamento do diabetes

Todo paciente diabético queixa-se da dificuldade para alcançar o controle de sua glicemia. Pensando no contexto de uma doença crônica, a melhor estratégia para seu controle é conhecê-la, sabendo onde se pode atuar para que seja possível viver bem com diabetes.

Começando pelo diabetes tipo 2, doença relacionada a fatores genéticos que predispõe ao seu aparecimento, bem como fatores ambientais como sedentarismo, obesidade ou sobrepeso, erros alimentares, etc. Todos estes fatores levam ao aparecimento da resistência a ação da insulina, ou seja, o pâncreas produz insulina, mas as células não “enxergam” a presença do hormônio, que consequentemente não agindo como deveria leva a hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue).

Para atingir um bom controle glicêmico há 3 pilares fundamentais no tratamento do diabetes:

1) Mudanças comportamentais (ou mudanças no estilo de vida):

Adequação alimentar, ou seja, uma reeducação alimentar, baseada em evitar exageros no consumo de doces e carboidratos em geral, distribuir a proporção de carboidratos, gorduras, legumes, verduras e proteínas a cada refeição.

– aumentar o consumo de fibras pode retardar a absorção da glicose, evita a hiperglicemia após as refeições.

– cuidados no preparo dos alimentos, escolhendo verduras, legumes e hortaliças frescas, evitando alimentos ultraprocessados.

– evitar o excesso de sal, utilizar diferentes temperos, planejar suas refeições. Para muitos pacientes o preparo de sua refeição pode ser também algo prazeroso, descobrindo novos sabores e combinações de ingredientes mais saudáveis.

– fracionamento da dieta, ou seja, tentar fazer lanches equilibrados entre as principais refeições (café da manhã, almoço e jantar).

Um bom exemplo de lanches são as frutas, que podem evitar a ocorrência de hipoglicemia e auxiliar na saciedade. Preferir o consumo de frutas com o bagaço, ao invés do suco das mesmas, e priorizar aquelas de baixo índice glicêmico (maçã, pêra, pêssego, morango, laranja, mexerica). Outras opções de lanches são os iogurtes, leite, queijo, auxiliando também a manter o consumo diário adequado de cálcio.

Muitas vezes a alimentação ideal para o paciente diabético, restringindo o excesso de açúcares, carboidratos em geral e gorduras, pode ser benéfica a toda família, já que normalmente é composta de um cardápio mais saudável.

Outra mudança comportamental importante e eficiente no controle da glicemia é acrescentar a sua rotina a prática regular de alguma atividade física, seja ela caminhada, corrida, dança, natação, hidroginástica, academia, ioga, pilates, etc. Encontrar uma atividade física que seja prazerosa faz com que ela se torne um hábito. No caso do diabetes, a atividade física regular leva a maior consumo de glicose pelos músculos, melhora a circulação sanguínea e auxilia na redução da resistência insulínica.

2) Medicamentos

O segundo pilar muito importante no tratamento do diabetes é a escolha das medicações corretas. Definir o tipo de medicamento que o paciente precisa é algo a ser feito de forma individualizada, olhando não apenas o fato de ser diabético em si, mas as necessidades gerais de cada paciente.

Existem medicações que para reduzir a glicemia aumentam a liberação de insulina pelo pâncreas, sendo favoráveis no controle do diabetes porém desfavoráveis no controle de peso. Alguns pacientes tem um componente maior de resistência insulínica, inclusive com acumulo de gordura no fígado (esteatose hepática), determinando a escolha de medicamentos que possam atuar em ambos os fatores.

Há ainda pacientes com diabetes e sobrepeso ou obesidade, para os quais medicamentos como análogos de GLP-1 ou inibidores SGLT-2 tem um perfil favorável para controle de peso e glicemia.

É preciso lembrar também, que como doença crônica o diabetes pode ter evolução progressiva, inclusive com falência da produção e secreção de insulina pelo pâncreas, levando a falta do hormônio e consequentemente necessidade de insulinoterapia.

Associar medicamentos que atuem em mecanismos diferentes no controle glicêmico também é uma ferramenta de grande auxílio.

O uso correto e regular dos medicamentos é fundamental como estratégia de tratamento. O surgimento de algum efeito colateral pós medicação deve ser visto pelo seu médico na tentativa de corrigir doses, horários de tomada ou até troca da classe de medicamento utilizado na intenção de manter o tratamento o mais confortável e eficiente possível.

3) Controle da glicemia capilar – automonitorização glicêmica:

Este talvez seja o ponto mais desconfortável como estratégia que propicia um bom controle glicêmico. Quando pacientes diabéticos fazem exames como glicemia de jejum e hemoglobina glicada, temos uma boa ideia do seu controle glicêmico. Porém, muitas vezes para adequar horários, doses e tipo de medicações é preciso a avaliação da glicemia capilar em períodos diferentes do dia, como jejum, antes do almoço, antes do jantar, ou ate 2 hs após alguma refeição. O automonitoramento glicêmico tem maior indicação em pacientes que utilizam insulina. É útil tanto em casos que necessitam corrigir a hiperglicemia quanto a hipoglicemia.

0 0 votes
Gostou?
Subscribe
Notify of
guest

1 Comentário
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
sergio silva

eu tenho seguido a risca todos os tres pilares, com excessao do sedentasrismo, eu preciso achar a quarto pilar,que o substitua…